Não há como vir a este lugar e não lembrar de toda nossa história, eu consigo reviver tudo dentro de mim...
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quarta-feira, agosto 11, 2010
Ele não sabe mais nada sobre mim.
Não sabe que o aperto no meu peito diminuiu, que meu cabelo cresceu,
que os meus olhos estão menos melancólicos, mas que tenho estado quieta, calada, concentrada numa vida
prática ,
e sem aquela necessidade toda de ser amada.
Ele não sabe quantos livros puder ler em algumas semanas.
Não sabe quais são meus novos assuntos nem os filmes favoritos.
Ele não sabe que a cada dia eu penso menos nele,
mas que conservo alguma curiosidade em saber se o seu coração está mais tranqüilo, se seu cabelo mudou,
se o seu olhar continua inquieto. Ele nem imagina quanta coisa pude planejar durante esses dias ,
e como me isolei pra tentar organizar todos os meus projetos.
Que tenho sentido mais sono e ainda assim,
dormido pouco.
Que tenho escrito mais no meu caderno de sonhos.
Que aqui faz tanto frio, ele não sabe por mim.
Ele não sabe que eu nunca mais me atentei pra saudade. Que simplesmente deixei de pensar em tudo que
me parecia instável.
Que aprendi a não sobrecarregar meu coração, este órgão tão nobre.
Ele não sabe que eu entendi que se eu resolver a minha dor,
ainda assim, poderei criar através da dor alheia sem precisar sofrer junto pra conceber um poema de cura.
Hoje foi um dia em que percebi quanta coisa em mim mudou e ele não sabe sobre nada disso.
Ele não sabe que tenho estado tão só sem a devastadora sensação de me sentir sozinha.
Ele não sabe que desde que não compartilhamos mais nada sobre nós, eu tive que me tornar minha melhor
companhia:
ele nem imagina que foi ele quem me ensinou esta alegria.
Eu te agradeço por esse afastamento lento e gradual e pela viagem interrompida por seus perpétuos atrasos
causados pelo medo de tirar os pés do chão.
Agora, a cada dia eu preciso de uma roupa nova desde que minhas malas
foram extraviadas para sempre com todo o nosso excesso de bagagem.
Eu te agradeço pela honestidade da sua omissão tão previsível que sempre confundi com meus presságios.
Essa ida sem despedida que você covardeou: eu finjo que não sei, você finge que não foi.
E a gente segue inventando que ainda se interessa pelo que começamos a construir juntos, num outro
contexto, pra realçar nossos vínculos.
Eu te agradeço a descoberta de que se não seguimos juntos nessas coisas do amor,
seja porque talvez eu, veterana enquanto você ama-dor.
[Marla de Queiroz] [Perfeitooo*.*]
...E coom toda certeza doo muuundoo, mee lembra uma amiiga... rs
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Marla de Queiroz
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